Cada geração tem uma característica. Cada época tem uma marca. Fica mais fácil analisar quando a época já passou, pois se pode ver a história de uma visão panorâmica. Mas permitam-me arriscar a dizer um pouco sobre um comportamento que analiso em nossa sociedade atual.
Falarei sobre o vício por imposição. Aquele que – geralmente - não é visto com maus olhos, porém isso não muda o fato de ser extremamente danoso. Assim como todo vício e seus processos, este também segue o mesmo padrão. Desde experimentar para saber como é até ver a vida ir embora.
A televisão. É comum em pessoas que vivem no século XXI gostem de assisti-la. Alguns não exigem explicação para o que nela é dito, outros só acreditam desde que criem uma demonstração lógica e tenha argumentos de pessoas que dizem entender do assunto.
Começa com um jornalzinho aqui, um capítulo da novela das nove ali, um programa de fofoca acolá, e quando se vê está atado. E insistem por algum motivo em ficar presos. É certo que com a velocidade das informações, se houver algo muito ruim ou muito bom todos saberemos.
Não venha com desculpas do tipo: Assisto para me informar. Antes, não dê também essa desculpa para si. Pare de falar que novela é a realidade, a maioria das pessoas que você vê quando sai na rua são feias, e curiosamente na novela só há príncipes e princesas. Pare de idolatrar pessoas que tiveram sorte na vida, e que juntando com um pouco de esforço e instrução aparecem na sua televisão.Eles controlam tudo, até como os vêem. Dizem que são especiais, intocáveis, amados, lindos, inteligentes, encantados, únicos, perfeitos. E são? Depois que eles dizem sim.
Por favor, não fique com raiva de mim, sei que ama seu ídolo, ele é lindo. Também não diga que escrevo por inveja, no mínimo compaixão.
Mas no fim, não passa de imposição. E pode acreditar, tem um monte de gente enchendo o bolso de dinheiro só para dizer aonde você vai comer quando sair com seu namorado, as gírias que você vai usar no dia-a-dia - o que só faz você empobrecer cada vez mais seu vocabulário e ser menos culto - sobre o que você vai falar com seus amigos na sexta-feira, do que vai rir no sábado, qual acidente causou mais mortes, que estilo de roupa deve comprar e em qual loja. Enfim, o que quiserem dizer.
Se querem medo: Rio de Janeiro, a 2ª cidade mais violenta do Brasil. Se querem paz: Investimentos com policiais no Estado do Rio de Janeiro ultrapassa 2 bilhões de reais. Se querem sangue: Homem é morto com 20 facadas e pauladas na cabeça. Se querem “cultura”: Escolas de samba festejam celebração de convênio inédito no Estado. Enfim, dizem o que convém (a eles, é claro). O poder discricionário está nas mãos deles. Avaliam a conveniência e a oportunidade não como o Estado, de acordo com o bem comum e o interesse social, mas de acordo com o que vai vender mais e o interesse particular de alguns.
Selecionam a mentira mais bem contada e colocam para seus fãs cegos.
Eu sinceramente gostaria de entender o que faz as pessoas se colocarem na posição de indefesas e ficarem horas em frente a uma tela se envenenando. Mas parece que se conscientizar e selecionar aquilo que irão absorver exige muito de sua capacidade mental.
Realmente, "quem pensa por si mesmo é livre e ser livre é coisa muito séria", dizia o poeta.
Mas é involuntário, é vício por imposição. O sistema coloca isso como uma necessidade, e não é que funciona? Acreditam. Tem os que se acham espertos e “selecionam” o que vêem, realmente, selecionam quem vai os enganar. É um jogo de conveniência, pura venda de produtos, onde o vendedor faz de tudo para obter o lucro. Os fins justificam os meios sim.
De que importa tudo isso, é melhor ir lá porque daqui a pouco começa Big Brother e você não pode perder quem vai ser eliminado.
Se acha que não é um viciado, tente ficar um tempo longe. Tente não assistir a tão querida televisão por uns meses, a menos que ela seja tão “necessária” assim na sua vida. Garanto que não é.
Bruno Cezar
Parabéns pelo blog!
ResponderExcluirIniciativa corajosa e destemida, muitas pessoas necessitam ler coisas assim...